As Impressões Históricas da Civilização Islâmica

Credo e Fé

Os princípios básicos e premissas da civilização Islâmica deixaram uma impressão bastante profunda sobre as civilizações reformadoras da Europa que começaram a surgir a partir do século sétimo da era cristã e ressurgem ainda hoje.

 

O Islam é a fé que transmitiu a lição da unidade de Deus e fervorosamente imprimiu que Ele não possui parceiros em Sua soberania o Autoridade, e que Ele está também livre do antropomorfismo, da injustiça e tirania, defeitos e deficiências.

O Islam também tornou bem claro que o homem, para cumprir seus atos devocionais, para fortalecer seu relacionamento com Deus e compreender as Leis Divinas, não tem nenhuma necessidade de intermediação por sacerdotes ou clero e outras tais grupos (de homens que profissionalizam insistindo em se interpor entre o homem e Deus e até alegam falsam ente poderem interceder junto d'Ele pelo homem, para seus fins pessoais e para escravizar o homem por todo o tempo.

Ao abrir a mente das nações e guiá-las para esses princípios firmes, o Islam agiu como um fator poderoso. Antes disso as nações do mundo estavam dominadas pelo tipo mais violento de despotismo e liderança religiosa, que havia mantido encarcerados seus pensamentos e opiniões, assim como estava em seu poder os seus corpos e seus bens.

Foi uma conseqüência natural das conquistas do Islam no Oriente e no Ocidente, que as nações vizinhas às terras diretamente governadas pelo Islam, fossem primeiramente influenciadas pelo credo e pela ideologia do Islam. E foi exatamente o que aconteceu. Portanto, no sétimo século da era cristã, surgiram muitos reformadores na Europa que se opuseram à idolatria e aos cultos icônicos.

Mais tarde surgiu um povo que se recusou a admitir homens como mediadores entre Deus e Seus servos, e conclamou os povos ao entendimento das escrituras sagradas completamente independente do clero e do Papa. Diversos pesquisadores tem asseverado com veemência que Martinho Lutero (1483-1546, líder da Reforma Protestante na Alemanha), em seu movimento reformista, fora influenciado pelos filósofos árabes e por eruditos muçulmanos nas formulações religiosas.

Muito antes disso, os escritores e pensadores do Islam haviam sido traduzidos ao latim, e durante o tempo de Lutero, as universidades européias dependiam deles e baseavam neles os seus programas educacionais.

Podemos também dizer que o movimento separatista da igreja e do estado iniciado durante o curso da Revolução Francesa, foi produto desses movimentos ideológicos formidáveis que permearam e percorreram a Europa por mais de trezentos anos, aos quais a nossa civilização havia influenciado através de cruzadas e através (do governo muçulmano) da Andaluzia, a Espanha dos dias atuais.


 

As Ciências e a Filosofia

 

Nos campos da Medicina, da Matemática, da Química, dá Geografia e da Astronomia, as nossas marcas culturais são impressionantes. O despertar do campo da educação na Europa foi resultado do ensino que os europeus receberam dos nossos sábios e filósofos em Isabella, Córdoba e Granada.

Os alunos ocidentais, ao chegarem aos nossos centros de educação, ficavam atônitos ao constatar que as portas dessas ciências e artes estavam abertas para todas as pessoas (sem qualquer discriminação) e qualquer um podia se beneficiar dessas ciências e artes, devotando-se a elas com entusiasmo e concentração numa atmosfera livre, que não existia nos seus próprios países.

Naquela época, nossos sábios tratavam em suas palestras e compilações, com fatos científicos como a revolução da terra e seu formato esférico, o os movimentos dos corpos celestes, enquanto que a mente dos europeus estava prenhe de idéias insensatas sobre esses fatos. Foi aqui que começou o movimento de versão ao Latim de textos árabes, e os livros dos sábios muçulmanos começaram a ser ensinados nas instituições educacionais européias.

O "Canon" sobre a Medicina, de Ibn Sina, foi traduzido no século doze. O "Al-Hawi" de Razi, que é muito mas volumoso do que o "Canon" de Avicena, foi traduzido lá pelo fim do século treze. Até o século dezesseis, a Europa dependeu desse material sobre a Ciência da Medicina de origem árabe para o ensino deles e para a prática da medicina.

No que concerte a profusão de literatura filosófica, o ensinamento islâmico permaneceu ali ainda mais tempo, e foi através das nossas compilações e traduções que a Europa travou conhecimento com a filosofia grega. É por isso que muitos escritores europeus confessam que na Idade Média, nós fomos os mestres e instrutores da Europa durante pelo menos seis séculos.

O douto escritor, Gustav Lebon diz:

"Por quinhentos ou seiscentos anos, os livros de língua árabe em geral, e em especial com relação a várias matérias, foram a única fonte de conheci mento e educação nas universidades européias. E nós podemos afirmar com segurança que em deter- minadas matérias como a medicina, a marca dos árabes ainda está consideravelmente ativa na Europa. Os tratados médicos de Avicena foram explicados perto do fim do século passado na Monabiliah."

O mesmo autor diz ainda:

"Roger Bacon, Leonardo, Erno Al Felquni, Raymond Loi, San Thomás, Alberto e Azfonish X. Cashcani dependeram exclusivamente de livros árabes."

Já Monsieur Renan diz:

"Alberto, o Grande, deve a Avicena, San Thomás e Ibn Rushd."

O célebre orientalista Sideo escreve:

"Na Idade Média, somente os árabes eram porta-estandartes de uma civilização."

A Europa que havia sido devastada pelos furiosos assaltos das tribos do norte, teve removido o seu barbarismo unicamente pelos árabes, Os árabes tiveram acesso à filosofia da Grécia antiga, e não contentes com a aquisição de tal conhecimento, estenderam seu alcance de maneira vasta, abrindo novos horizontes para o estudo do Universo. Um sábio escritor diz:

"Quando os árabes adquiriram o conhecimento especializado de Astronomia, eles prestaram atenção especial às ciências matemáticas e desenvolveram um elevado grau de excelência e na verdade, tornaram-se nossos professores da matéria."

Ele nos diz que quando ele relacionou tudo o que havia sido transferido do árabe para o latim, descobriu que um grande portal de acesso tinha sido Gerbert, Silvestre II, por meio de quem, no período entre 970-980 A.C., todas as ciências que ele adquirira na Andaluzia, haviam penetrado na Europa.

E o estudioso autor Inglês O. Hallard percorreu a Andaluzia e o Egito em alguma época entre os anos 1100 e 1200 a.c, e traduziu do árabe o "Al-Arkan" de Euclides, que até então era desconhecido no Ocidente.

Outro personagem erudito, Plato Taiguli, traduziu o "Al-Akar" de Teodésio a partir de sua versão árabe. Rudolf Brugie traduziu do árabe o livro de Ptolomeu sobre a Geografia da Terra habitada. Leonard Baige escreveu em torno de 1200 A.C., um tratado de Álgebra que havia adquirido com seus professores árabes.

Kunbanos Nausy foi o autor da melhor tradução do texto árabe de Euclides no século treze. Também Fastaloon de Bolonha, decalcando seus desenhos do livro "AI-Basariyat" de Hasan Ibn Haitam, divulgou no Ocidente a ciência da astronomia. No ano 1250 A.C., Aznofish Cashcani ordenou a edição do almanaque astronômico que tomou seu nome.

Durante esta época, por um lado, Roger I ordenou o estudo das ciências e artes árabes, especialmente do que fora escrito por Idrisi, e por outro lado, Frederico II, energicamente enfatizava a necessidade de se estudarem as ciências e os modos. Os filhos de Ibn Rushd estavam sempre com ele na corte e ensinaram-no a história natural das plantas e dos animais. Homeld escreve em seu livro sobre ciência:

"Foram os árabes que pela primeira vez inventaram o método de preparação química dos medicamentos, e foi dessa fonte que nos vieram uma orientação sadia e o procedimento por experiências, que foram adotados pela Escola de Saliram e dali não demoraram a se espalhar pela parte Sul da Europa.

A partir dai os elementos medicinais e naturais dos quais os remédios dependem totalmente, começaram a ser objeto de estudo da química das plantas. Desse modo, ambos esses ramos de estudo prosseguiram simultaneamente em dois caminhos diferentes, e assim se abriu a porta para uma nova era de estudo dessa ciência que foi introduzida pelos árabes.

É suficiente para provar a extensão do conhecimento árabe do reino animal, dizer que eles haviam adicionado duas mil ervas àquelas de Zulefuredas. Existiam muitas ervas na farmacologia deles de que os gregos jamais haviam sonhado.''

Sideo diz a respeito de Razi e de Ibn Sina que ambos permearam as instituições educacionais através da Europa por um tempo consideravelmente longo. Especialmente Ibn Sina que fora apresentado à Europa como médico.

Por plenos seiscentos anos suas obras dominaram nas instituições educacionais da Europa. Seu livro, Al-Canun (O Canon) foi traduzido em cinco volumes e foi repetidamente reimpresso, uma vez que o ensino nas universidades de França e Itália dependia totalmente dele.


Linguagem e Literatura

Os povos ocidentais, e principalmente os poetas Espanhóis, ficaram profundamente impressionados pela literatura árabe. A equitação, o cavalheirismo, a metáfora e tópicos seletos e singulares encontraram seu caminho pela literatura ocidental através da literatura árabe da Andaluzia. O célebre escritor Espanhol Abanese e escreve:

"Antes da vinda dos árabes na Espanha e a expansão dos estábulos, cavalos e cavaleiros deles pela Europa do Sul, a equitação e a cavalaria eram desconhecidos na Europa.''

No livro escrito por Dousie sobre o Islam, este citou uma carta de Algharu, um escritor Espanhol, que lamentava muitíssimo a indiferença dos europeus com o latim e a predileção deles pela língua árabe, o que demonstra que naqueles dias os homens ocidentais de letras estavam bastante impressionados e dados ao estudo dos conhecimentos e literaturas árabes.

Diz ele:

''As pessoas inteligentes e os homens de gosto apurado foram enfeitiçados pelo lirismo árabe, por isso olham de esguelho para o Latim, e deixando de lado outros idiomas, se comunicam na língua oficial. Um conterrâneo efervecente de zelo patriótico afirmou com pesar que seus irmãos cristãos deixaram-se fascinar pela poesia lírica árabe e seus contos, e pelo estudo dos livros escritos pelos filósofos e legisladores muçulmanos. Eles não só estudam para provar seu erros ou para contestá-los, mas para se assenhorar do eloqüente estilo árabe. Quem mais, além do clero, estuda as exegeses sobre a Torá e o lnjil (o Antigo e Novo Testamento)? Quem há para recitar os Evangelhos e os livros dos profetas e dos apóstolos? Alias, a nova geração, com suas novas tendências de pensamento, não vê com agrado mais que a língua e a literatura árabe. Eles buscam a luz do saber nos livros escritos pelos árabes, instituem bibliotecas contendo esses livros e louvam os tesouros de conhecimento e literatura árabes por todos os lados. Quando ouvem falar de literatura cristã, franzem o cenho e declaram que não compensa o tempo e a atenção deles. Alias, os cristãos esqueceram de sua própria linguagem e não lhe será possível encontrar sequer um entre mil dos que escrevem cartas em seu próprio idioma. Mas no que tange ao árabe, há muitos que se expressam no seu melhor estilo e escrevem poesia nele, capaz de superar à escrita pelos próprios árabes em precisão e eloquência."

 

Durante o século quatorze e daí em diante, surgiram inúmeros homens de letras renomados cujos escritos e estilos literários exibem a influência profunda da literatura Árabe.

Diz-se que Dante, à época em que escrevia seu poema, estava profundamente influenciado pelo livro: "Rissalatul Ghufran" (Epístola de Perdão), de Abul-Alá Al-Ma'affi e por tudo que Ibn Al Arabi escreveu sobre o Paraíso. A razão é encontrada no fato dele residir na Sicília durante o reinado do Imperador Frederico II.

Esse monarca tinha muito apego à cultura muçulmana e estudava a sua origem. Ele costumava manter debates com Dante sobre as teorias aristotélicas. Algumas das fontes de informação deles eram em árabe. Dante tinha conhecimento considerável da biografia do profeta Muhammad e dela extraiu o episódio da ascenção do profeta e a descrição dos céus feita pelas sagradas tradições.

O período da vida de Pedro de York corresponde ao período em que a cultura árabe predominava na França e na Itália. Ele havia sido educado nas universidades de Montpellier e de Paris.

E ambas essas universidades haviam sido fundadas por homens esclarecidos que tinham sido instruídos e preparados pelas universidades andaluzas, e ali eram ensinados os livros compilados pelos autores árabes.

As histórias que predominavam entre os árabes da Idade Média, tiveram um grande impacto sobre a Europa renascentista. Entre estas contavam-se muitas histórias de cavalaria e equitação, e outras façanhas de força e valor realizadas por árabes renomados em nome do amor e magnificência.

Nesse contexto, as traduções das Mil e uma Noites para os idiomas europeus, tiveram profunda influência sobre a literatura de ficção européia. Mais de trezentas edições desse livro foram editadas nas línguas da Europa. Tanto assim que diversos críticos da Europa são da opinião de que as viagens descritas por Swift (Guliver) e Defoe (Robinson Crusoé), ao "Hai Ibn Yaqzan" do filósofo árabe Ibn Tufail.

Quase é desnecessário mencionar que nos vários idiomas europeus, muitas palavras árabes relacionadas com a necessidades da vida, são usadas quase que na sua forma original exata.

Por exemplo: "algodão", "almíscar", "limão", "Zero" são na verdade as palavras árabes Qutn, Harir, Machqui, Limmun e Sefer.

E há inúmeras outras palavras da mesma ordem, Sem entrar em pormenores a esse respeito, nos bastará citar o Sr. Michael:

"A Europa deve a sua melhor literatura aos países árabes. Do mesmo modo, as revoluções espiritual e ideológica da Idade Média, tinha por trás dela, operando forças tendo a nação árabe tido muito a ver com o acionamento delas."


Legislação

Os estudantes europeus que estavam sendo educados nas instituições educacionais da Andaluzia, haviam traduzido a literatura muçulmana da Jurisprudência e da implantação da Chari'ah. A Europa dessa época não possuía nenhum sistema político definido, nem existiam ali leis baseadas na equidade e na justiça.

Quando Napoleão conquistou o Egito, foram traduzidos para o francês os compêndios de jurisprudência mais conhecidos da Escola Malikita. Para começar, foi traduzido o "Kitab-i-Khalil", que serviu de semente básica para a Lei da França. Assim, verificamos que a legislação francesa daquela época refletia em grande extensão a Jurisprudência da Escola Malikita. Diz Sideo:

''Nosso olhar inquisidor pousa sobre a Lei Malikita, desde que estabelecemos contato com a África, e a França mandou que seus competentes traduzissem para o francês o breve compêndio de legislação de lshak Bin Yaqub.''


 

Administração Pública e Poder

Antigamente, e mesmo durante a Idade Média, o direito da plebe, de exigir contas dos seus governantes, não era reconhecido. O relacionamento entre governante e governados era igual ao do senhor e seus escravos, o governo era despótico e tratava o povo como bem lhe convinha.

O poder era considerado uma herança, que se transferia juntamente com os outros bens do monarca passado. Tanto assim que, se uma princesa herdasse o trono e se casasse com outro monarca, de um reino estrangeiro, os dois países se viam envolvidos em uma guerra de disputa pelas terras da princesa.

Mais grave ainda, ao estarem dois reinos em guerra, o vencedor entrava na posse, não só das terras conquistadas mas também das vidas, propriedades, honra, dignidade e liberdade do povo vencido.

Estas condições duraram por um longo tempo, até que surgisse e se tomasse dominante a civilização islâmica, e que estes, além dos outros princípios que difundiu, também declarasse que o povo tem o direito de criticar c pedir contas aos seus governantes, sendo estes não mais que guardiões e empregados, cujo dever é o de preservar honestamente os interesses do povo.

Foi, pois, pela primeira vez na história do mundo, que, o súdito, publicamente, pediu ao governante para justificar a procedência da roupa que ostentava naquele instante. E o governante, nem o condenou à forca por tal ofensa, nem o aprisionou, nem exilou.

Pelo contrário, o governante explicou a sua condição e prestou contas do tecido que compunha seu manto, para a satisfação do inquiridor e dos demais, presentes à reunião. Esta é uma referência a um incidente, ocorrido na califado de Ômar.

Certo dia, quando Ômar se levantara para fazer um sermão e mal acabara de dizer: "Ouvi-me e obedeci...", um beduíno árabe levantou-se e disse:

"Nem te ouviremos nem obedeceremos enquanto não nos houver explicado onde conseguistes o tecido a mais para fazer o teu manto quando aquilo que todas as pessoas, inclusive tu, receberam, como parte dos espólios, não daria para fazer um manto para um homem da tua (gigantesca) estatura."

Ômar, ao invés de dizer alguma coisa em sua própria defesa, chamou o seu filho Abdullah, que se levantou e afirmou que havia dado a sua parte de tecido, que lhe coube do espólio, ao pai e que as partes do pai e do filho, juntas, foram usadas para fazer o manto. Ao ouvir esta explicação de Abdullah lbn Ômar, o beduíno disse a Ômar:

"Sim, agora podes continuar o teu discurso. Nós ouviremos e obedeceremos."

E foi isto, também, que aconteceu, pela primeira vez na história da humanidade em que uma pessoa da plebe, dirigiu-se ao presidente do Estado, da seguinte forma: "Assala- mu Alaikum" (A paz e as bênçãos de Deus estejam contigo) à tu (nosso) empregado!"

E o Emir admitiu que ele era, certamente, um empregado, e, como tal, era seu dever inquestionável servir à nação com sinceridade e prestar-lhe contas, relativas ao que lhe fora confiado preservar. A Civilização Islâmica não só declarou esse princípio, como demonstrou de maneira prática a sua aplicação e injunção.

Este espírito de liberdade do pensamento e da consciência que foi infundido em todas as nações, que existiam ao redor da Sociedade Islâmica. Todas essas nações, cada uma por sua vez, tomaram-se dinâmicas, prepararam-se para uma revolução, e, finalmente, rompendo os seus grilhões, tornaram-se livres. Este processo repetiu-se por toda a Europa.

Durante as cruzadas, os europeus penetraram na Síria. Antes disso, haviam testemunhado, na Andaluzia, o fenômeno de o povo fiscalizar severamente seus governantes, e o da responsabilidade destes perante ele, e mais ninguém.

Os governantes europeus constataram que, em qualquer época, os muçulmanos tinham governantes que, ao invés de serem servis a algum indivíduo ou classe, eram responsáveis e davam contas à nação inteira, enquanto que, inversamente, eles próprios eram dominados pelo imperador romano.

E, a não ser que reconhecessem o domínio religioso de Roma, deveriam estar preparados para o fracasso e os contratempos. Sendo assim, esses governantes, ao retomarem às suas próprias terras, rebelaram-se contra a autoridade romana, até, finalmente, conseguirem se libertar da condição de vassalos.

E como passo seguinte, os povos dessas terras levantaram-se, revoltosos, contra os seus monarcas, e rompendo os grilhões da servidão, tornaram-se livres. A Revolução Francesa não veio senão muito mais tarde, e não promulgou nenhum princípio, que já não houvesse sido proclamado pela nossa civilização, doze séculos antes.

Os princípios que a civilização islâmica proclamou, incluem que os tratados devem ser respeitados, e que- deve existir urna liberdade plena, em relação ao credo e aos lugares de culto, devendo estes permanecer nas mãos e sob o controle daqueles que ali exercem seus cultos.

A liberdade e a honra pessoais e a dignidade do povo não deviam ser violados. Foi a obediência a esse princípio que ajudou a criar , nos muçulmanos, um espírito de dignidade e de respeito próprio, e incutiu neles os traços básicos de nobreza e humanismo.

Assim, a história testemunhou, pela primeira vez, uma cena em que um indivíduo, dentre os súditos não- muçulmanos, se queixou ao chefe de Estado muçulmano, de que o filho do seu preposto governador havia açoitado seu (queixoso) filho.

O presidente do Estado enfureceu-se, ao ouvir essa queixa, e chamou o filho do governador a contas, terminando ele por ser açoitado por aquele que fora oprimido. E ainda censurou o pai do réu (o governador), dizendo:

"Desde quando os escravizas, tendo as mães os gerado livres?"

O chefe de Estado aludido era Ômar, o segundo califa depois do Profeta, o queixoso era um judeu e o filho do governador, contra quem fora apresentada a queixa, era o filho de 'Amr lbn Al'Aas, governador do Egito.

Este espírito, que a nossa civilização infundia nas nações e nos indivíduos, era um espírito novo. Em outros tempos, aquele pai, que em pessoa, fora apresentar sua queixa, do Egito a Madina, absolutamente convicto de obter justiça, teria sido impiedosamente espancado, suas posses teriam sido seqüestradas, e a força teria sido usada devido ao seu credo; isto, antes do advento da governança e civilização islâmicas, que o redimiram.

Mas, o que dizer daquele que não ousava apresentar-se, para protestar ou expor seu dissabor por estar sendo oprimido? A este, faltava-lhe o senso de respeito próprio. Quando o sol da nossa civilização raiou sobre ele, sua voz se elevou e ele, dirigindo- se ao Emir dos Crentes, disse:

"Eu busco refugio em Deus contra a vossa opressão". Que opressão era essa?

Não era nem de derramamento de sangue, nem de violação da castidade, nem da compulsão em razão da fé, nem o confisco da propriedade. Tratava-se de uma questão insignificante, de um menino ter aplicado a outro alguns cortes de açoite.

Os povos ocidentais conheceram a nossa civilização através da Síria e da Andaluzia, na Idade Média. Antes disso, o monarca não ousava dizer uma palavra dura contra os líderes religiosos, nem o povo contra o seu monarca.

Faltava-lhes, a todos, o senso e o conhecimento do fato de que pedir contas ou exigir apoio aos oprimidos pelo seu governo não era mais que o direito básico deles. Eles estavam acostumados a se estraçalharem, uns aos outros, como açougueiros abatendo cabras, só por terem credos diferentes.

Quando entraram em contato conosco, o despertar da liberdade foi incutido neles, o que acabou por lhes granjear a liberdade. Será possível ainda, mesmo depois de tudo isso, negar o papel que desempenhamos na libertação, na humanização e na promoção da autonomia de ação?

Se estes são os vestígios mais eternos da nossa civilização, nos cinco aspectos principais da vida - e são também as manifestações mais notáveis na vida das nações e das civilizações - podemos, então, afirmar, com mérito justo, que as nações, às quais a civilização islâmica infundiu o espírito de libertação dos grilhões da servidão, devem muito a ela.

Mas não desejamos um acerto de contas com uma falsa jactância de glórias passadas, nem nutrir, igualmente, falsas esperanças e anseios. Tudo o que queremos é criar esse reconhecimento em nós mesmos, para que possamos nos aperceber do valor da civilização islâmica e da importância dos seus legados.

E que, mais uma vez, tenhamos essa capacidade de nos transformar na "Melhor Ummah", o que fará de nós cumpridores do dever, conseqüente de sermos as testemunhas da verdade, podendo, então, mostrar à humanidade o caminho para a bondade, a verdade e a nobreza. E, se Deus quiser, nós haveremos de consegui-lo. Pois a graça que nos permite fazer as coisas provém unicamente de Deus.

Não é possível, a quem quer que seja, discutir o valor da imortal civilização islâmica e das marcas deixadas por ela, perdendo de vista certa peculiaridade que a faz sobressair entre todas as outras. Essa peculiaridade é o amor pelo homem.

A civilização islâmica, livrando a humanidade do ódio, da malícia e do desentendimento, ensinou-lhe uma lição de amor, generosidade, cooperação e igualdade. Em consonância com as leis do Islam, e com os princípios sociais islâmicos, não existe nenhuma hipótese de superioridade de uns ou de outros, baseada em raça, classe ou nacionalidade. Este princípio é visível como motivador das bases da civilização islâmica e dos seus refinamentos.

No que respeita aos princípios e elementos, o Islam proclamou que todos os homens nasceram de um só casal, Adão e Eva:

 '' Ó humanos, temei vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mulheres;..." (Alcorão Sagrado 4:1)

 Portanto, a humanidade tem a mesma origem. E foi dessa origem comum que as pessoas se viram distribuídas e divididas em tribos, países e classes. O seu exemplo é o de terem diferentes irmãos e irmãs, nascidos dos mesmos pais (iniciais). Sendo esta uma realidade, as variações de classes e nações só devem servir como meio para o mútuo reconhecimento nas boas ações. Diz o Alcorão:  

"Ó humanos! Nós vos criamos de um só homem e de uma só mulher, e vos tornamos nações e tribos, para que pudésseis conhecer-vos uns aos outros (e não para vos desprezardes uns aos outros". (Alcorão Sagrado 49:19).

 A partir daí, alguns indivíduos progridem na vida e outros ficam para trás. Alguns prosperam, enquanto outros são indigentes. Um indivíduo se torna governante de uma nação se torna subjugada. Alguns têm a pele branca c outros ficam com a tez negra.

E tudo isso está conforme com as leis naturais e o sistema imutável da vida. Mas, certamente, isto não quer dizer que tais diferenças e, dessemelhanças devam se tornar motivo de distinção e desentendimento. Os prósperos não tem nenhuma superioridade sobre os indigentes, o governante sobre os governados, ou o branco sobre o negro. Ao nível básico de humanidade, eles são todos iguais. A superioridade, se é que existe, reside na crença em Deus (taqwa) ou no temor d'Ele:

"Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos homens e mulheres e vos dividimos em povos e tribos, para que vos reconhecesses uns aos outros. Sabei que o mais honrado dentre vós, ante Deus, é o mais te- mente. Sabei que Deus é Sapientíssimo e está bem inteirado.'' (Alcorão Sagrado 99:19).

E todos são iguais perante a lei, e a lei controla igualmente e está acima de todos. A distinção será feita somente fundamentando-se na verdade e na justiça. Diz o Alcorão:

 "Quem tiver feito o bem, mesmo que com o peso de um átomo, vê-lo- à . E quem tiver feito o mal, mesmo que com o peso de um átomo, vê-lo- à. " (Alcorão Sagrado 99:7- 8).

 Na forma coletiva, todos têm uma posição igual. Aqueles que forem poderosos apoiarão os fracos. E desse modo, a sociedade, como um todo, serve a todos os seus membros. Urna tradição do Profeta, diz:

 "O exemplo dos Muçulmanos, em matéria de amor e afeto mútuo é o do corpo. Quando um de seus órgãos é atingido por uma doença, todos os outros órgãos sofrem de febre e insônia, por solidariedade. " (Relatada por Muslim e Ahmad)

 Assim, o Islam vem proclamando, constantemente, que a humanidade é uma unidade, e que todos os indivíduos são descendentes dos mesmos pais. A sociedade humana é como uma árvore cujos ramos, quando o vento sopra, a qualquer altura que estejam, altos e baixos, balançam juntos, para lá e para cá.

Daí porque se toma fácil compreender a razão pela qual o Alcorão sempre se dirige à humanidade como "Ó humanos," ou "Ó filhos de Adão", porque ele quer, sempre, ressaltar o conceito da unidade da humanidade. Por um raciocínio igual, aos seguidores do Islam tem sempre se dirigido como "ó crentes", sem permitir quaisquer distinções raciais ou de classe.


 

A Universalidade da Igualdade Islâmica

No que diz respeito às leis da civilização islâmica, todas são permeadas pela igualdade entre os homens. Na oração, todos eles se apresentam perante Deus, na mesma condição (como servos de Deus), não havendo lugar para distinções, reservadas a qualquer monarca, chefe tribal ou erudito.

No jejum, também, todos eles se abstêm do alimento da mesma forma, não havendo quaisquer facilidades para os ricos. E na peregrinação, as pessoas se vestem do mesmo modo (com mantos brancos), e ficam, de pé juntas.

Nem se fazem distinções, entre os fortes e os fracos, entre os que residem longe e os de perto, entre as classes e as massas. Se examinarmos o código civil, verificaremos que todos são tratados igualmente, com base na verdade e na justiça.

A lei iça a sua bandeira para alertar as pessoas contra a injustiça, para que todos os que foram lesados ou oprimidos possam refugiar- se à sua sombra. E quando, em segui- da, examinamos a lei criminal, verificamos que todos os homens estão sujeitos a ser igualmente punidos, no caso de violarem os limites legais.

O assassino está sujeito à morte, o ladrão é punido pelo roubo e aquele que é culpado de violência é admoestado e corrigido. O assassino pode ser um erudito ou um turrão ignorante, e a vítima pode ser uma pessoa rica ou pobre, "quem quer que tenha sido oprimido, seja um árabe ou um não-árabe, pertença ao Oriente ou ao Ocidente, é igual a todos os demais, perante a Lei."

'' ... os livres pelos livres, os escravos pelos escravos, as mulheres pelas mulheres." (Alcorão Sagrado 2:178)


 

Magnanimidade do Islam

A lei Islâmica é, ainda, mais magnânima, independente da fé, raça ou cor. Ela enobrece toda a humanidade. O Alcorão declara:

 

"Enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los com todo o bem e os preferimos enormemente sobre a maior parte de quanto tenhamos criado." (Alcorão Sagrado 17:70)

Essa nobreza é um direito de nascimento de todas as pessoas, e em relação a credo, conhecimento, e modo de viver, proporciona as mesmas oportunidades para todos os homens. É dever do Estado islâmico apoiá-los a todos nestes assuntos, sem qualquer distinção

A Chari'ah Islâmica eleva o homem a um plano ainda mais eleva- do, e diz que as decisões serão toma

das por Deus, na adjudicação das recompensas e dos castigos, não pelas aparências e atos externos, e sim, de acordo com as intenções deles (niyat).

Diz o Profeta:

 "Certamente, Deus não olha para as vossas formas e aparências, mas sim para os vossos corações. (Muslim)

 As recompensas e os castigos de- pendem das intenções. Assim, encontramos a seguinte tradição do Profeta, que foi narrada por todos os tradicionalistas:

 

"Todos os atos dependem das intenções e a cada um e a todos caberá aquilo que pretendeu. "

 Com isto o Islam demonstrou também, que a intenção que é agradável aos olhos de Deus é aquela que visa o bem e a caridade, procurando a contemplação de Deus, sem pretender quaisquer objetivos materiais ou comerciais. Diz o Alcorão:

"Ó crentes, genuflecti, prostrai-vos, adorai vosso Senhor e praticar o bem, para que prosperes." (Alcorão Sagrado 22:77)

Para o bem, assim praticado, ser dedicado somente à contemplação de Deus, não é lícito esperar qualquer retorno, das pessoas beneficiadas. Disse o Alcorão:

 

"E porque, por amor a Ele, alimentam o necessitado, o órfão e o cativo. (Dizendo) Certamente vos alimentamos por amor a Deus; não vos exigimos recompensa, nem gratidão." (Alcorão Sagrado 76:9)


 

A Amplitude e a Perfeição da Magnanimidade

 

 A legislação islâmica leva o seu altruísmo à perfeição, ao trazer os homens, os animais, as plantas, os objetos inanimados, a terra e aos céus, a servidão a Deus e obediência às leis da natureza. O Alcorão lembra cada crente de uma bela maneira, em cada unidade (Rakat) da oração:

 

"Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Louvado seja Deus, Senhor do Universo." (Alcorão Sagrado 1:1-2)

E dessa maneira cio exige de cada muçulmano que mantenha sempre em mente que é parte do universo, que é criação do Mais Clemente e do Mais Misericordioso Criador, cuja Clemência se estende a todos e a tudo. Portanto, cada muçulmano deve se transformar na manifestação viva do atributo d'Ele de Clemência, neste Seu universo, em que o homem vive e do qual depende, para a satisfação das suas necessidades, apesar de Deus não precisar nem um pouco das suas devoções e dos seus serviços.

As medidas de altruísmo da civilização islâmica, que os muçulmanos alcançaram, fizeram operar os seus conceitos básicos, manifestando-os na prática, em suas leis. Este princípio não permaneceu apenas no papel, como acontece com a Carta dos Direitos Humanos das Nações Unidas, cujo aniversário é celebrado, todos os anos, com grande pompa, mas que é pisoteada diariamente, a cada hora e todo o ano, pelos grandes poderes do mundo.

Tais princípios ficaram restritos aos países nos quais foram proclamados, como foi o caso dos princípios da Revolução Francesa, que permaneceram restritos às fronteiras da França, enquanto todos aqueles que viviam nos domínios franceses, nas colônias ou sob seu jugo, lhes viam negados os privilégios da liberdade, igualdade e fraternidade.

Terá sido erguida alguma outra estátua da liberdade, em mais algum lugar do mundo, igual a que há no porto de Nova York, e que é vista por todos aqueles que ali chegam? Enquanto isso, o resto do mundo, a política e as atividades americanas sufocam a liberdade, cujos amantes estão sendo oprimidos e esmagados.

Não, não foi assim com a civilização Islâmica. Ela consumou o que professou. Devemos interrogar à história, pois esta é a única testemunha legítima. Deveríamos examinar mais de perto os aspectos brilhantes do seu altruísmo, para constatar, por nós mesmos quais foram os fatos, atitudes e atos praticados por daqueles que exerciam a autoridade e pelos indivíduos comuns da civilização islâmica, que deixaram profundas marcas nas páginas da história, e que falaram mais alto.

Primeira Prova:

Por alguma razão, Abu Zarr, da tribo Chifar, zangou-se com o escravo alforriado de Abu Bakr, Bilal, da Abissínia. Ambos eram companheiros do Profeta. A discussão se prolongou e Abu Zarr, enfurecido, chamou Bilal de filho de uma negra. (lbn-al-Sauda que, em si, não é pejorativo, mas sem dúvida um sarcástico e, de qualquer modo, repugna a sensibilidade da moral islâmica, que é. totalmente contra o mínimo insulto aos sentimentos alheios). Bilal queixou-se ao Profeta, que se dirigiu a Abu Zarr, dizendo:

 

"Tu o chamaste por um nome que ultrajou a sua mãe? Parece-me que ainda possuis vestígios da idolatria".

Abu Zarr não entendeu a referência à jahiliya (época da idolatria), tomou-a por significar alguma imoralidade sexual e, humildemente, expressou a sua surpresa:

 

"A esta idade avançada, ó Profeta de Deus?"

O Profeta disse, em resposta:

 

"Sim, porque és irmão para ele (e deves ser atencioso e gentil para com ele)."

Abu Zarr, que então compreendeu o significado da primeira observação do Profeta, ficou envergonhado e arrependido, expressando sua humildade e extremo remorso.

Segunda Prova:

Na época do Profeta, aconteceu, certa vez, que uma mulher da tribo Bani Makzum, de nome Fátima, foi acusada de furto. Ela foi trazida à sua presença, para que este a condenasse de acordo com as prescrições da Chari'ah. Os Coraixitas estavam muito ressentidos, pois tudo isso afetava o prestígio o a dignidade da sua tribo.

Assim, pensaram em interceder a fim de obter o perdão para ela. Decidiram, então, enviar Usamah lbn Zaid para fazer isso, uma vez que ele desfrutava das boas graças do Profeta. Pediram-lhe que intercedesse, e ele falou com o Profeta sobre a questão. O Profeta ficou muito zangado e disse a Usamah:

 

"Pretendes interceder em assuntos cujos limites foram prescritos por Deus?"

E então mandou chamar o povo e discursou para uma grande multidão, de modo comovente, dizendo:

 

"Todos aqueles que, antes de vós, encontraram a perdição, discriminavam entre os nobres e os plebeus na aplicação da justiça aos crimes de furto. Os de condição elevada eram pouco punidos. Por Deus, se Fátima, filha de Muhammad, houvesse cometido um furto, eu também lhe amputaria a mão. "

 

Terceira Prova:

Kais Ibn Mutatiah, um hipócrita, certa vez veio a uma reunião onde estavam Salman, o persa, Suhaib, o romano e Bilal. Ele comentou, num tom provocador:

"Os Aus e Khazraj prestaram algum serviço a este homem (ao Profeta Muhammad), mas não compreendo o que essa gente (Bilal, Suhaib e Salman) tenha feito (para merecer tal honra)."

Mo'az Ibn Jabal também estava presente nessa ocasião, e, agarrando-o pelo pescoço, arrastou-o até onde estava sentado o Profeta e relatou-lhe o que Kais havia dito. O rosto do Profeta corou de ira, e foi com ele (Kais) para a mesquita. A chamada habitual para que os crentes se reunissem na mesquita foi feita, e o Profeta discursou, dizendo:

 

"Ó povo! Lembrai-vos sempre que vosso Senhor e Provedor é um e vosso antepassado supremo também é um, e que a vossa fé também é uma, e todos são o mesmo. O esperma do pai e o útero da mãe que o nutre, não torna árabe seu corpo. Pois o árabe é apenas um idioma; aquele que o sabe falar é árabe."

 

Quarta Prova:

Adi lbn Hatim chegou a Madina, antes de se ter convertido ao Islam, e encontrou os companheiros sentados ao redor do Profeta. Eles tinham acabado de retornar de alguma escaramuça e alguns ainda estavam com as armaduras e os elmos.

Adi, vendo o respeito do Profeta e a reverência deles por ele, foi tomado de admiração. Entrementes, uma mulher humilde de Madina veio ao Profeta e pediu para vê-lo em particular. O Profeta concordou prontamente em conversar com ela em qualquer rua de Madina que ela escolhesse.

Então ele se levantou e a uma distância considerável, conversou com ela por longo tempo, voltando, depois, para o grupo. Quando Adi testemunhou este estado de coisas, foi profundamente tocado por este inconcebível conceito de filantropia e abraçou o Islam.

 

Quinta Prova:

Quando, após vinte e um anos de duros combates, o Profeta finalmente conquistou Makka e aqueles que o haviam repudiado, expulso de sua casa e guerreado com ele foram trazidos à sua presença, vencidos, mesmo então ele os chamou aos mesmos princípios que ele pregara, descalço, pelos vales de Makka e tinha implantado em Madina, como governante, quando estava estabelecendo os alicerces de uma nova civilização na história islâmica. Naquele dia, ele proclamou os princípios que havia pregado enquanto ainda não obtivera a vitória final. De pé, à porta da Kaaba, ele disse:

 

"Ó povo de Coraix! Deus, neste dia, pôs fim ao vosso orgulho de idólatras e também ao vosso orgulho pelos ancestrais. Saibam e lembrem-se! Todos os homens são descendentes de Adão, e Adão foi criado do barro."

Os Coraixitas, que detinham uma posição de relevo na sociedade árabe, e uma elevada opinião de si próprios, ouviram-no em silêncio e cabisbaixos. Nessa ocasião, ele recitou o seguinte versículo alcorânico, que recitava vez por outra:

 

" Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos para que vos reconhecêsseis uns aos outros. Sabei que Deus é Sapientíssimo e está bem inteirado." (Alcorão Sagrado 49:13)

Credo e Fé

As Ciências e a Filosofia

Linguagem e Literatura

Legislação

Administração Pública e Poder

A Universalidade da Igualdade Islâmica

Magnanimidade do Islam

A Amplitude e a Perfeição da Magnanimidade

 

Fonte: islam.org.br

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