Índia

No caso da Índia, o Islam penetrou no oriente do rio Indo, pacificamente, gradualmente, os Muçulmanos ganharam poder político no princípio do séc.

XIII. Mas este período, que marcou a expansão tanto do Islam como da Cultura Islâmica, findou com a conquista da maior parte da Índia, em 1526, por Babur, um dos príncipes Timuridas, Ele estabeleceu o poderoso império Mogul, que produziu governantes famosos tais como Akbar, Jahanguir e Shah Jahan, o império Mogul permaneceu, apesar da expansão gradual do poder Britânico na índia, até 1857, quando foi oficialmente abolido. 

A dinastia ghaznávida do Afeganistão começou a conquista da índia. Outras dinastias se seguiram, que se contentaram apenas com o norte do país, até à chegada dos khiljids, que estenderam as suas conquistas para o sul. Um comandante negro, Málik Kafur, numa "expedição-relâmpago," chegou até ao Cabo Comorim, porém, só mais tarde é que o sul da Índia veria o estabelecimento de Estados muçulmanos naquela área.

 Os Grão Moguls (1526-1858) são especialmente decantados na história muçulmana da Índia. Por muito tempo, eles reinaram sobre quase todo esse vasto subcontinente, sendo considerados os "Grandes" do mundo.

 A sua autoridade central começou a ser enfraquecida, entretanto, pela ação de governadores provinciais, a partir do século XVIII. Foi somente em 1858 que os ingleses os expulsaram, anexando três quintas partes do país à Coroa, ficando o resto dividido em Estados indígenas, alguns dos quais eram muçulmanos.

 Estes últimos conservaram a cultura indo-muçulmana até aos nossos dias. Um deles, Haidarabad, situado no centro da Índia, era tão grande quanto a Itália, com mais de 20 milhões de habitantes. Ele era bem renomado pela atenção que dispensava, especialmente à reforma da educação islâmica.

 Em sua universidade, fundada ao estilo ocidental, com uma dúzia de faculdades, existia, também, uma faculdade de teologia islâmica.  

Esta universidade lecionava em todos os níveis de todas as faculdades, na língua local, urdu, escrita com caracteres árabes. A especialização começava na fase escolar, sendo a língua árabe obrigatória, ensinando-se o Fiquih (leis muçulmanas) e o Hadith (ditos do Profeta e documentos sobre a sua vida ), junto com outras matérias, como a língua inglesa, matemática e outros cursos de educação moderna.  

Na fase universitária, os estudantes da Faculdade de Teologia aprendiam, não somente um inglês de alto nível, como também o árabe e matérias relacionadas exclusivamente aos estudos islâmicos. Além disso, tornaram-se moda os estudos comparativos.

 Com o Fiquih, se emparelhava a jurisprudência moderna; com o Kalam, a história da filosofia ocidental; com o árabe, ensinava-se também o hebraico ou alguma língua européia moderna, sendo as preferidas o francês e o alemão.

 Quando os estudantes preparavam as suas teses, viam-se ligados a duas orientações: por um lado, a de um professor da Faculdade de Teologia, e, por outro, a de um professor da Faculdade de Artes e Letras ou de Direito, conforme o caso.

 Isto proporcionava condições para o aprendizado simultâneo, tanto dos fatos islâmicos, como das tendências ocidentais modernas, sobre a mesma matéria. Depois de trinta anos de experiência e de obter resultados muito felizes, não restam, atualmente, mais do que lembranças distantes de tudo isto, pois quando os ingleses deixaram o país de vez, em 1947, dividindo o país entre o Paquistão muçulmano e o Bharat não-muçuhnano, este último, não só incorporou os seus Estados indígenas vizinhos, como também os desmantelou e dissolveu, impondo-lhes novos sistemas administrativos. 

Voltemos ao nosso assunto principal. Como espectadores passivos, os califas de Bagdá continuaram a assistir às constantes modificações nas "províncias", onde golpes de Estado substituíam os governadores, dividiam uma província em duas ou três unidades, reuniam diferentes províncias sob o mesmo jugo, e assim por diante.

Ainda assim, foram raros os casos em que terras do Islam foram ocupadas por não-muçulmanos. Os seljúcidas merecem menção especial. Com a sua ascensão ao poder, no século XI, eles subjugaram não apenas a Ásia Central, mas estenderam as suas conquistas às mais longínquas regiões da Ásia Menor, tendo Kônia (Iconium) por capital.

Após algumas gerações de brilhante reinado, elos deram lugar àqueles a quem chamamos de turcos otomanos. Foram estes últimos que, mais tarde, atravessaram o Bósforo e estenderam o domínio islâmico até aos muros de Viena.  

A sua primeira capital foi Brusa (Bursa), depois Constantinopla (Bizâncio, agora Istambul), e atualmente Ankara. O seu recuo começou no século XVIII, com a evacuação, por eles, de terras européias, e atingiu o seu clímax em 1919, quando eles perderam tudo, na Primeira Guerra Mundial.  

Alguns acontecimentos felizes, de natureza internacional, ajudaram a Turquia a ressurgir como uma república, que nos seus primórdios foi ferozmente nacionalista e secular; mas, sendo democrática por natureza, o seu regime teve de conformar-se, cada vez mais, com os sentimentos religiosos do povo, sentimentos esses profundamente muçulmanos.  

No século XVI, os turcos otomanos reinavam sobre a Europa até à Áustria, a África do Norte até à Argélia, e a Ásia, da Geórgia ao Iêmen, passando pela Mesopotâmia, pela Arábia e pela Ásia Menor. Algumas das suas antigas possessões muçulmanas são, hoje, Estados independentes, enquanto outras passaram à dominação da Ex-União Soviética, até a desintegração desta, em 1991, e o restabelecimento de novos Estados Islâmicos independentes, sem falar nas regiões com maioria não-muçulmana, que se separaram da Turquia.  

No século XIII, alguns tártaros haviam-se convertido ao Islam. Hulagu era o seu líder, e massacrou centenas de milhares de pessoas, no seu avanço, até destruir Bagdá em 1258, que era, então, a sede do califado.  

Entretanto, o seu exército foi aniquilado na Palestina, por Baibars, rei muçulmano do Egito. Hulagu tentou liderar uma nova invasão, e convidou até os cruzados para formarem, com ele, uma aliança ofensiva, mas sem êxito. Este evento marca o declínio da ciência muçulmana e a aurora da ciência ocidental.  

Hoje, neste século XX, os muçulmanos estão muito atrasados, quando comparados com alguns dos americano-europeus, nesse campo. Deve-se observar que os esforços de muçulmanos reorganizaram esses tártaros bárbaros, que, tendo-se convertido ao Islam, não somente assumiram a causa deste, mas também emigraram para diferentes países da Europa, colonizando-os. Sobrevivem traços remanescentes deles nas comunidades muçulmanas da Finlândia, Lituânia, Polônia e na extinta URSS. 

A Dinastia Mogul  


Babur (1526 - 1530)

A dinastia Mogul foi uma linhagem de soberanos muçulmanos indianos que governou a Índia de 1526 d.C a 1858 d.C. Babur foi o fundador da dinastia Mogul. Neto do conquistador turco,  Tamerlão, Babur, que pelo lado de sua mãe descendia do famoso Gêngis Khan, chegou à Índia em 1526 d.C, a pedido de um governante  hindu, que buscava a ajuda dele  em sua luta contra Ibrahim Lodi, o último líder do sultanato de Delhi. 

Babur conhecia as numerosas divisões geopolíticas da Índia em sultanatos e principados muçulmanos e sabia que a unidade  entre eles era precária, o que facilitou a sua vitória sobre o exército de Lodi, na Batalha de Panipat.  

Ele invadiu a Índia,  a partir do Afeganistão, e fundou o Império Mogul das ruínas do sultanato de Delhi, com as suas bases em Kabul, Kandahar e Badaskhan. Embora Babur tenha governado por apenas quatro anos, ele deixou sua marca em tudo. Seu amor pela natureza o levou a criar jardins de grande beleza. Seu Arambagh, em Agra, consolidou um modelo de jardim que se tornaria uma parte integrante das edificações  do império, tais como palácios, fortes e mausoléus.


Humaiun (1530- 1540)

Babur governou até 1530 d.C, e foi sucedido por seu filho Humaiun, que assumiu em condições difíceis para ele. Havia muitos inimigos disfarçados, mas por outro lado, o império deixado por Babur ainda não estava consolidado. Os afegãos de Bihar e  Bengala, sob a liderança de Sher Khan, tentavam retomar o poder perdido.  

Humaiun conseguiu manter o equilíbrio do reino durante uma década de grande instabilidade, até que, em 1540 d.C,  foi derrotado por  Sher Khan Sur.  Os suritas afirmaram-se rapidamente, reformaram as receitas através da renda agrária e criaram uma forte burocracia centralizada. Parecia que a dinastia Mogul terminava com a mesma rapidez que tinha começado. 

Humaiun conseguiu, com a ajuda do Xá, um exército persa composto de 14.000 homens e reconquistou Kabul e Kandahar, em 1545 d.C. Aproveitando-se de uma guerra civil entre os suritas, Humaiun  partiu para reconquistar o Hindustão. Capturou Lahore e ocupou Delhi, restabelecendo, assim, parte do que havia perdido. Indicou seu filho Akbar como governante do Punjab.


Akbar (1556-1605)

Mas, é o filho de Humaiun, Akbar, o Grande, que  é descrito como a glória da dinastia Mogul.  Quando Akbar assumiu o trono, o território Mogull era composto de Kabul, Kandahar e partes do Punjab e Delhi.   Como o pai, assumiu em meio a problemas e muito jovem ainda, tinha apenas treze anos. De um lado, os suritas ameaçavam retormar o Punjab e a noroeste seu meio-irmão governava Cabul quase que independentemente. Rajaputana, Orissa, Malwa, Gujarat tinham afirmado sua independência.

Akbar conseguiu estender seu império para oeste até o Afeganistão, e para o sul até o rio Godavari, estabelecendo a supremacia  Mogul no norte da Índia.  Durante uma década foi absorvendo os pequenos estados fronteiriços. Em seguida, conquistou Rajaputana, Bengala, Cachemira, Orissa e, quando morreu, o império se estendia de Hundu Hush até o golfo de Bengala, e do Himalaia até o mar Arábico. 

Criou um sistema administrativo e político, que deu ao império estabilidade. Com base na máquina administrativa montada pelos suritas, Akbar podia controlar  as aldeias mais remotas, nas quais os funcionários recolhiam os impostos. 

O sistema de cobrança de impostos era em geral eqüitativo e cuidadoso. Os camponeses em tempos de má colheita podiam ficar com os excedentes dos anos bons, como uma forma de estimular o cultivo de áreas cada vez maiores. Akbar, era muçulmano e passou para a história como um sultão tolerante. 

Mas a tolerância religiosa de Akbar sempre esteve acompanhada de um ecletismo religioso.  Abriu uma "casa de adoração" onde se realizavam discussões religiosas em que participavam ulamas sunitas, sufis, hindus, zoroastrianos, judeus, jesuítas de Goa.

Nove anos após tornar-se soberano,  Akbar ordenou a construção de um forte às margens do rio Yamuna, atual Agra. A construção foi rápida e em oito anos a maior parte dos cinco prédios dentro do forte estava pronta.

O Forte Vermelho

 Akbar também construiu uma nova capital, conhecida como Fatehpur Sikri (Cidade da Vitória), nas cercanias de Agra, usando arenito vermelho do monte de Fatehpur Sikri. Era uma grande quantidade de estruturas individuais, com uma ornamentação intrincada. Akbar empregou pedreiros e artesãos e lhes deu inteira  liberdade para usarem da sua tradicional habilidade para criar um estilo que ficou conhecido como Akbari.  

Porta da Vitória (Buland Darwaz)  

No topo do monte, Akbar mandou construir uma enorme mesquita, a Jami Masjid. Mas tarde, ele acrescentou, na entrada sul da mesquita, um enorme portal, chamado de Buland Darwaz. 

Jami Masjid


Jahangir (1605-1627)

Akbar foi sucedido por seu filho, Salim, que tomou o título de Jahangir. Em  seu governo (1605d.C a 1627 d.C), Jahangir consolidou as conquistas feitas por seu pai. A cultura palaciana Mogul floresceu durante o seu período. Como o seu grande avô, Babur, ele tinha um  interesse em jardins e a pintura Mogul alcançou o seu auge durante o  tempo de Jahangir.  Ele se casou com Nur Jahan, "A luz do mundo", em 1611 d.C. Um pouco depois de sua morte, em 1627  d.C, seu filho, Xá Jahan, o sucedeu no trono.  Ele herdou um vasto e rico império que em meados do século era talvez o maior do mundo, mostrando um grau de controle   centralizado nunca visto antes.


Xá Jahan (1627-1658)

Xá Jahan  deixou um extraordinário legado arquitetônico, que inclui o Taj Mahal e a velha cidade de Delhi, Shahjahanabad. Xá Jahan foi um grande patrono das artes em geral. A pintura e a arquitetura Mogul, uma mistura das tradições persas e hindus, atingiram o apogeu durante o seu reinado.

O uso que ele fez do mármore, de  um modo geral,  em contraste com o arenito vermelho usado por seus antecessores, tornou seu reinado conhecido como o "reino do mármore".

Os muitos elementos que levaram à construção do Taj Mahal tinham  suas raízes nos primeiros governantes, Babur, Humaiun, Akbar, Jahangir, cada um deles contribuindo com um interesse estético específico e que acabou por estabelecer o que seria conhecido como o "estilo Mogul", um estilo que é  uma mistura de padrões persas trazidos pelos Mogul,  com o gênio nativo da mais fina habilidade artística.

As fantásticas realizações na tradição arquitetônica Mogul se devem muito ao grande talento dos artesãos hindus e à riqueza dos materiais encontrados na Índia, inclusive a abundância de pedras. Cada soberano usou matéria-prima local e formas usadas pelos artistas nativos, que combinadas formaram um  estilo arquitetônico de expressão única. 

O Taj Mahal é a expressão mais esplêndida do período Mogul na Índia. Foi o último e maior projeto arquitetônico do período Mogul em Agra, antes que seu construtor, Xá Jahan,  transferisse o centro de poder para o que hoje corresponde a Delhi.   

Taj Mahal

Depois de sua morte, estourou uma luta entre os seus quatro filhos pela sucessão. Os dois principais aspirantes ao trono eram Dara Shikoh, filho predileto de Xá Jahan, que era apoiado pelos nobres e oficiais que estavam comprometidos com as políticas ecléticas dos antecessores, e Aurangzeb, que foi favorecido pelos homens poderosos, mais inclinados a transformar o império Mogul em um estado islâmico, sujeito às leis da Chari'ah. 

Aurangzeb venceu e, embora o império tenha assistido a uma  expansão no início de seu longo governo (1658 d.C a 1707 d.C), na última parte do século XVII, começava a se desintegrar.


Aurangzeb (1658-1707)


Filho de Xá Jahan, Aurangzeb foi o último grande Mogul e seu reinado durou 49 anos, de 1658 d.C a 1707 d.C. Empreendeu diversas campanhas militares para estender as fronteiras do vasto império Mogul que ele havia herdado. Criou um força militar de porte que era composta de 500.000 homens, 50.000 camelos e 30.000 elefantes. 

Apesar de ter ampliado o território Mogul, tais campanhas acabaram por exaurir o tesouro real. Quando seu reinado iniciou-se, foi se afastando pouco a pouco dos governos ecléticos anteriores, para adotar um estilo claramente comunal.  

Ele  foi um puritano conservador e um muito religioso, tentou impor a ortodoxia islâmica em a Índia. Demitiu os hindus dos postos públicos, restabeleceu o imposto (jizya) sobre os não muçulmanos, inclusive sobre os que serviam no exército, destruiu seus templos, voltou a introduzir o calendário lunar e encomendou a elaboração de um código de jurisprudência da escola hanafita. Aurangzeb passou a última metade de seu reinado tentando conquistar o sul da Índia.

Ele é admirado por historiadores muçulmanos pelo fato de ter restabelecido a Chari'ah (legislação islâmica) e por repudiar as políticas seguidas por Akbar; entre os hindus ele é lembrado como um muçulmano fanático e intolerante. 

Depois de sua morte em 1707 d.C, muitos de seus vassalos se estabeleceram como soberanos, começando, assim,  o período que é chamado de "estados sucessores".  O império Mogul sobreviveu até 1857 d.C, mas seus governantes eram, depois de 1803 d.C,  simples pensionistas da Companhia das Índias Orientais. 

O último soberano Mogul foi Bahadur Shah Zafar, que foi julgado pela suspeita de ter liderado rebeldes no motim de 1857 d.C e por fomentar a sedição. Ele foi sentenciado e transportado para Rangun, para passar o resto de sua vida em solo estrangeiro.

Fonte: islam.org.br

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