Artigos Fundamentais da Fé Islâmica
O Muçulmano Verdadeiramente Crente Acredita nos Seguintes Artigos de Fé:
Artigo 01 - Acredita num Deus Único, Supremo e Eterno, Infinito e Poderoso, Clemente e Misericordioso, Criador e Sustentor, Para ser efetiva, esta crença exige completa confiança e esperança em Deus, Submissão voluntária à vontade d´Ele e confiança na sua ajuda. Isso confere dignidade ao homem e salva-o do medo e do desespero, do pecado e da confusão.
Artigo 02 - Ele acredita em todos os mensageiros de Deus sem nenhuma discriminação entre eles. Tais Mensageiros eram notáveis propagadores do bem e verdadeiros campeões da justiça. Eles foram escolhidos por Deus para ensinar e transmitir à humanidade a Sua Divina Mensagem. Eles foram mandados em varias épocas históricas. Em certas alturas, Deus mandou ao mesmo tempo dois mensageiros ou mais, O sagrado Alcorão menciona cerca de vinte nomes de tais Mensageiros, e o muçulmano crê neles todos e aceita-os como mensageiros autorizados por Deus. Estes eram conhecidos, com excepção de Muhammad, como mensageiros “nacionais” ou locais. Os Mensageiros encarregados de guiar a humanidade pelo bom caminho de Deus, sem nenhuma excepção eram mortais seres humanos, dotados para receber revelações divinas e escolhidos por Deus para levarem a cabo certas tarefas. Entre eles, Muhammad aparece como o Último Mensageiro e gloria suprema de todos os Profetas. Esta não é uma atitude arbitraria, nem meramente uma crença de conveniência. Tal como todas as outras crenças islâmicas. É uma verdade autentica e lógica. Será também útil mencionarmos aqui os nomes de alguns grandes mensageiros, citados no seguinte passo do Alcorão:
“Nos cremos em Deus e na revelação que nos foi dada, e em Abraão, Ismael, Isaac, Jacob e nas Tribos; e no que foi dado a Moisés e Jesus, e no que foi dado a todos os Profetas pelo Senhor. Não fazemos nenhuma discriminação entre eles, e inclinamo-nos perante Deus” (2:136, 3:84; 4:163-165; 6:84-87).
Artigo 03 - O verdadeiro muçulmano crê, em resultado do artigo 2, em todas as escrituras e revelações de Deus. Estas foram as luzes recebidas pelos mensageiros para guiarem os seus povos pelo bom caminho de Deus. O Alcorão faz referencias especiais aos Livros de Abraão, Moisés, David e Jesus. Mas muitos antes de o Alcorão ter sido revelado a Muhammad, Alguns daqueles livros e revelações foram perdidos ou viciados, outros esquecidos, negligenciados ou escondidos.
Em principio, o muçulmano crê nos livros e nas revelações anteriores ao Alcorão. Mas onde se encontram as versões completas e originais destes Livros? Talvez ainda estejam no fundo do Mar Morto, e outros pergaminhos esperam ser descobertos. Ou talvez novas informações sobre eles sejam fornecidas pelos arqueólogos cristãos e judeus quando revelarem ao publico as descobertas completas e originais resultantes das escavações permanentes efetuadas na Terra Santa. O muçulmano, por sua vez, tem ao seu alcance o Alcorão completo e autentico. O alcorão existe na forma inicial, tal como foi revelado Por Deus que se encarregou de proteger contra quaisquer interpolação e corrupção. Assim foi dado aos muçulmanos, como critério ou norma, para que através dela possam julgar os outros Livros. Deste modo, tudo o que Afinar com o Alcorão é aceite como verdade divina, e tudo que for diferente do mesmo é rejeitado ou suspenso. Deus disse: “Com toda a certeza mandamos o Alcorão; e com certeza que o guardaremos” (15:9; 2:75-79; 5:13-14; 41, 45, 47; 6:91; 41:43).
Artigo 04 - O verdadeiro muçulmano crê nos anjos de Deus. Estes são seres esplendidos e puramente espirituais, cuja natureza não precisa de alimentos, bebidas ou sono. Eles não têm nenhum desejo físico, nem necessidade materiais. Eles passam os dias e as noites ao serviço de Deus. Eles são numerosos, e cada um tem a seu cargo certo dever. Se nós não podermos ver os anjos a olho nu, isso não nega necessariamente a existência e realidade deles. Há no mundo, muitas coisas invisíveis Pa vista ou inacessíveis aos sentidos e, no entanto, acreditamos na existência delas. Há lugares que nunca vimos e coisas, como o gás ou o éter, que não podemos ver a olho nu, nem cheirar ou tocar, provar ou ouvir e, no entanto reconhecemos a existência delas. A crença nos anjos deriva do principio islâmico que diz que “o conhecimento e a verdade não se limitam só ao conhecimento sensorial ou á percepção sensorial” ( 16:49-50; 21:19-20)
Artigo 05 - O verdadeiro muçulmano crê no Dia do Juízo Final. Este mundo acabara qualquer dia, e os mortos comparecerão a um juiz final (Quiyáma) eqüitativo. Tudo o que fazemos neste mundo, cada intenção nossa, cada movimento, cada pensamento, cada palavra que pronunciamos, tudo é contado e registrado com cuidado. Tudo será considerado no Dia do Juízo Final. Quem se tiver evidenciado no bom caminho será generosamente recompensado e calorosamente recebido no Céu de Deus, enquanto quem não tiver assim cumprido não receberá os mesmos louvores. A verdadeira natureza do Céu e do Inferno e a descrição exata dos mesmos são conhecidas só por Deus. Existem descrições do Céu e do Inferno no Alcorão e nas Tradições de Muhammad, mas não deve ser tomada à letra. Muhammad disse que “no Céu há coisas que nunca foram vistas por nenhum olho, nem ouvidas por nenhum ouvido, nem concebida por nenhum espírito”. Porém o muçulmano acredita que haverá com toda certeza recompensa para as boas ações e castigo para as más. Este é o dia da justiça e o ajustamento definitivo de todos os comportamentos.
A fé no Dia do Juízo Final é a resposta definitiva que soluciona muito dos problemas tão complicado do nosso mundo. Há homens que comete pecados. Negligenciam Deus e se dedicam a atividades imorais e, no entanto tem “aparentemente” êxito nos negócios e levam uma vida próspera. Por outro lado, há pessoas virtuosas e crentes que parecem ser menos recompensadas pelos seus sinceros esforços e sofrem mais do que os outros neste mundo.
Isso é estranho e incompatível com a justiça de Deus, se os culpados podem escapar à lei mundana sem prejuízo e ainda por cima são mais prósperos, então o que fica para os virtuosos? Quem vai promover a causa da moralidade e da bondade? Deve existir uma maneira de recompensar o bem e pôr fim ao mal. Se isso não se faz aqui neste mundo, e sabemos que não se faz regular ou imediatamente, tem que se fazer algum dia, e este é o dia do Juízo Final. Isso não é para desculpar a injustiça ou tolerar o mal neste mundo, nem é para consolar os necessitados e estimular os seus exploradores. É sim para prevenir os que desviam do bom caminho e lembrar-lhe que a justiça de Deus será feita cabalmente tarde ou cedo.
Artigo 06 - O verdadeiro muçulmano crê no conhecimento de Deus e no seu poder de conceber e cumprir os Seus Planos. Deus não é indiferente perante o mundo, nem neutro para com ele. Os seus conhecimentos e a Sua força agem em qualquer momento para manter a ordem no seu vasto domínio e o controle sobre as Suas criaturas. Deus é Sábio e ama a Sua criação, e tudo o que faz tem um motivo bem forte e uma finalidade cheia de sentido. Se ficarmos convencidos disso, aceitaremos de boa fé tudo quanto Ele faz, embora não estejamos capazes de O compreender perfeitamente, ou até de pensar que o que faz é mau. Devemos ter muita confiança n´Ele e aceitar tudo quanto faz, porquê o nosso conhecimento é limitado e o nosso pensamento se baseia em considerações individuais ou pessoais, enquanto o conhecimento d´Ele é infinito, e os Seus planos têm uma base universal.
Isso não é, de modo algum, para tornar o homem fatalista ou fraco, mas sim para separar nitidamente o domínio de Deus na responsabilidade dos homens. Visto que pela nossa própria natureza somos limitados, o nosso poder e a nossa liberdade têm também limites. Nos não podemos fazer tudo, e Deus, na Sua grandeza, declara-nos responsáveis por tudo quanto fazemos. O que não podemos fazer, ou o que Deus só faz, sai do domínio da nossa responsabilidade. Deus é justo e deu-nos poder limitado que corresponde a nossa natureza limitada e à nossa responsabilidade determinada. Por outro lado, o conhecimento e poder eternos que Deus tem na execução dos Seus planos e poder eternos que Deus tem execução dos Seus planos, não nos impedem de fazer os nossos próprios planos dentro da esfera limitada do nosso poder. Antes pelo contrario, Deus exorta-nos a pensar, planear e ter opções saudáveis, mas se as coisas não acontecerem, assim como nós queremos ou tencionamos, não devemos perder a fé, nem esgotar-nos em lamentações arruinantes. Temos que tentar outra e outra vez, e se o resultados não forem satisfatórios, então sabemos que temos feito o melhor que sabemos e não podemos ser considerados responsáveis pelos resultados, porque o que se encontra além da nossa capacidade e responsabilidade é do domínio de Deus, só, Os muçulmanos chamam este artigo de Fé “crença no qadár” e “qadar” que noutra palavras quer dizer pura e simplesmente que “o conhecimento eterno de Deus antecipa os conhecimentos, e que os acontecimentos, verificam-se conforme o conhecimento exato de Deus”( vide Alcorão, 18:29; 41:46 53:33-62; 54:49; 65:3; 76:30-31).
Artigo 07 - O verdadeiro muçulmano crê a criação de Deus tem sentido, e que a vida tem uma finalidade sublime além das necessidades físicas e atividades materiais do homem. A finalidade da vida é a adoração de Deus. Isso não quer dizer simplesmente que passamos a vida em isolamento permanente e em meditação absoluta.Adorar a Deus significa conhecê-lo; Amá-lo; obedecer aos seus mandamentos; aplicar a sua Lei em todos os aspectos da vida; servir a sua causa praticando o bem e afastando do mal; ser justo para com ele, para consigo próprio e para com vossos semelhantes. Adorar a Deus é “viver” a vida, e não fugir dela. Em conclusão, adorar Deus é penetrar nos seus atributos supremos. Portanto, se a vida tem uma finalidade, ele não pode esquivar-se a esta responsabilidade. Ele não pode negar a sua existência, nem ignorar o papel vital que tem que desempenhar. Quando Deus lhe dá alguma responsabilidade, concede-lhe também toda a ajuda necessária. Dá-lhe inteligência e força para escolher o caminho pelo qual tem que enveredar. Deste modo, Deus manda o homem fazer o melhor que puder para servir completamente a finalidade da sua existência. Caso assim não faça, se estragar a sua vida ou negligenciar os seus deveres, será responsável perante Deus pelas suas más ações (Vide 21:17-18; 51:56-58; 75:37).
Artigo 08 - O verdadeiro muçulmano crê que o homem tem um estatuto especial e uma alta posição na hierarquia de todas as criaturas conhecidas. Ele ocupa uma posição privilegiada porque só ele tem faculdade racionais e aspirações espirituais, assim como força de ação. Mas à medida que a sua posição sobe, a responsabilidade também cresce. Ele ocupa a posição de vice-rei de Deus na terra. A pessoa nomeada por Deus para ser o seu agente ativo deve necessariamente ter força e autoridade, e pelo menos potencialmente, ser honrado e integro. E tal é o estatuto do homem no Islam; não uma raça condenada desde o nascimento até a morte, mas sim um ser digno, potencialmente capaz de ações boas e nobres. O fato de Deus ter escolhido mensageiros da raça humana mostra que o homem é digno de confiança e capaz e que pode adquirir imenso tesouro de bondade. (2:30-34; 6:165; 7:11; 17:70-72, 90-95).
Artigo 09 - O verdadeiro muçulmano crê que o próprio ato do nascimento verifica-se de acordo com a vontade de Deus, para realização dos Seus planos e em submissão aos Seus mandamentos. Também quer dizer que cada pessoa dispõe das potencialidade espirituais e das inclinações intelectuais que o podem tornar um bom muçulmano, se tiver devido acesso ao Islam e se lhe for deixado desenvolver a sua natureza inata. Muitas pessoas podem aceitar imediatamente o Islam se lhe for corretamente apresentado, porque é a formula divina para quem quiser satisfazer as suas necessidades morais e espirituais assim como as suas aspirações naturais, e para quem quiser levar uma vida construtiva e saudável, quer pessoal ou social, quer nacional ou internacional. E isso porque o Islam é a religião universal de Deus. O Criador da natureza humana que sabe o que é melhor para esta natureza humana. (30:30; 64:1-3; 82:6-8).
Artigo 10 - O verdadeiro muçulmano crê que cada pessoa nasce livre do pecado e de qualquer pretensão à virtude herdada. É como um caderno branco. Ao chegar à idade adulta, o homem torna-se responsável pelas suas ações e intenções, se o seu desenvolvimento for normal e saudável. O homem não é só livre do pecado antes de o cometer, mas também tem a liberdade de agir conforme os seus planos e com sua própria responsabilidade. Esta dupla liberdade: liberdade do pecado e liberdade de agir concretamente elimina da consciência do muçulmano o incomodo peso do pecado herdado, assim como alivia a sua alma e o seu espírito das inúmeras tensões da doutrina do pecado original.
Este conceito islâmico da liberdade baseia-se no principio da justiça de Deus e da responsabilidade direta do individuo perante Deus. Cada pessoa deve suportar o peso da própria responsabilidade pelas suas ações, porque ninguém pode expiar pecado alheio. Deste modo, o muçulmano acredita que, se Adão cometeu o primeiro pecado, a própria responsabilidade exigia-lhe que expiasse aquele pecado. Supor que Deus não foi capaz de perdoar a Adão e teve que escolher outra pessoa para expiar aquele pecado, ou supor que Adão não pediu perdão ou pediu, mas não lhe foi dado, seria muito improvável e contrario à clemência e justiça de Deus, assim como ao Seu atributo e poder de perdoar. A aceitação de tal hipótese seria um ousado desafio ao sentido comum e uma violação flagrante do próprio conceito de Deus (Vide as referencias do artigo 9; Alcorão, 41:46; 45:15; 53:31-42; 74:38).
Nesta base racional e com apoio na autoridade do Alcorão, o muçulmano crê que Adão compreendeu o que tinha feito e pediu perdão a Deus, assim como qualquer outro pecador teria feito caso tivesse bom senso. Igualmente, e na mesma base, o muçulmano crê que Deus, o Indulgente e Misericordioso, concedeu o Seu perdão a Adão (2:35-37; 20:117-122). Poe isso o muçulmano não pode aceitar de modo algum a doutrina segundo a qual Adão e toda a raça humana foram condenadas e só conseguiram o perdão quando Jesus veio para expiar os pecados dos mesmos. Conseqüentemente, o muçulmano não pode aceitar a historia dramática da morte de Jesus na cruz só para acabar com todos os pecados humanos de uma vez para sempre.
Aqui devemos prevenir o leitor de tirar conclusões errôneas. O muçulmano não crê na crucificação de Jesus pelos seus inimigos, porque a base da doutrina da crucificação é contraria à clemência e a misericórdia divinas, assim como a lógica e a dignidade humanas. Tal discordância nessa tese não diminui de modo algum o respeito que os muçulmanos tem por Jesus, nem degrada a alta posição que Jesus tem no Islam, assim como não afeta a crença dos muçulmanos em Jesus como um distinguido Profeta de Deus. Antes pelo contrario, rejeitando essa crucificação, o muçulmano aceita Jesus ainda com mais estima e respeito e considera a sua mensagem original como parte essencial do Islam. Portanto, digamos aqui outra vez que para ser muçulmano, uma pessoa deve aceitar e respeitar todos os Profetas de Deus, sem nenhuma discriminação.
Artigo 11 - O verdadeiro muçulmano crê que o homem tem que assegurar a sua salvação sob a direção de Deus. Isso quer dizer que para obter a salvação, o homem tem que combinar a fé e a ação, a crença a pratica. A fé sem ação é tão insuficiente como ação sem fé. Por outras palavras, ninguém pode obter a salvação se a sua Fé em Deus não for dinâmica na sua vida e se a sua crença não for posta em pratica. Isso harmoniza-se perfeitamente com os outros artigos da Fé Islâmica, e mostra que Deus não aceita palavras em vez de serviços, e que nenhum verdadeiro fiel pode ficar indiferente quando aos mandamentos práticos da Fé. Por outro lado, também mostra que ninguém pode agir em nome de um outro, nem interceder por outro junto à Deus. (Alcorão, 10:9-10; 18:30; 103:1-0)
Artigo 12 - O verdadeiro muçulmano crê que Deus não responsabiliza nenhuma pessoa antes de lhe ter mostrado o bom caminho. Por isso, Deus enviou mensageiros e revelações, e fez compreender que não castigaria ninguém antes de o guiar e dar o sinal de alarme. Portanto, uma pessoa que não tenha conhecido nenhuma revelação divina ou mensageira, ou uma pessoa que não possua todas as faculdades mentais, não é responsabilizada por Deus por não ter obedecido às instruções divinas. Tal pessoa só será responsabilizada por não ter feito o que o seu bom senso lhe mandou fazer. Mas quem violar voluntária e conscientemente as leis de Deus ou quem de desviar do seu bom caminho será punido pelas suas más ações. (4:165; 5:16-21; 17:15)
Este ponto é muito importante para todos os muçulmanos. Há muitos homens no mundo que nunca ouviram falar do Islam nem tiveram a possibilidade de tomar conhecimento dele. Esses homens podem ser honestos e tornar-se bons muçulmanos, se acharem o caminho que os leve ao Islam. Se eles não sabem, nem tem possibilidade de saber, eles não responsáveis por não serem muçulmanos. Em troca, os muçulmanos capazes de apresentar o Islam a tais homens, serão os responsáveis por os não terem convidado a seguir o Islam e por lhe não terem mostrado o que é o Islam. Isso exige que cada muçulmano, seja qual for o lugar onde se encontre, não deve limitar-se a pregar o Islam em palavras, mas também, e isso é mais importante, que viva plenamente(Vide Alcorão, 3:104; 16:125).
Artigo 13 - O verdadeiro muçulmano acredita que na natureza humana, que Deus criou, há mais bem do que mal, e a probabilidade de transformação positiva é maior do que a probabilidade do fracasso sem esperança. Esta crença vem do fato de Deus ter encarregado o homem de certas tarefas e ter mandado Mensageiros com revelações para o guiarem. Se o homem fosse pela sua natureza um caso sem esperança de melhorar, como poderia Deus, na Sua sabedoria absoluta, encarregá-lo de responsabilidade e exortá-lo a fazer ou evitar certas coisas? Como poderia Deus fazer tudo isso, se fosse em vão? O fato de Deus cuidar do homem e se preocupar com ele prova que o homem não é desamparado, nem irrecuperável, mas que Deus sabe apreciar o bem e vela pelo homem para que ele não caminhe no sentido contrario. Com toda a certeza, a firme Fé em Deus e a devida confiança no homem podem fazer milagres, mesmo nos nossos dias. Para que isso se compreenda corretamente, é preciso estudar os passos respectivos do Alcorão e refletir sobre o sentido deles.
Artigo 14 - O verdadeiro muçulmano crê que a Fé não esta completa se for cegamente ou aceite sem vacilar, a não ser que o crente esteja satisfeito razoavelmente. Se a Fé tem que inspirar a ação, e se a Fé e a ação tem que levar à salvação, então a Fé tem que basear-se em convicções firmes, sem nenhum engano ou constrangimento. Noutras palavras, a pessoa que se considerar muçulmana por causa das tradições da sua família, ou aceitar o Islam sob constrangimento ou imitação cega não é um muçulmano completo perante Deus. O muçulmano tem que basear a sua Fé em convicções bem justificadas acima de qualquer duvida razoável e de qualquer incerteza. Se não estiver seguro da sua Fé, Deus exorta-o a ler os livros abertos da natureza, a utilizar o poder do raciocínio e refletir sobre os ensinamentos do Alcorão. Ele terá que procurar a verdade incontestável até a encontrar, e com certeza que a encontrara, se for bastante capaz e sério. (Vide o Alcorão, 2:170; 43:22-24)
Por isso, o Islam exige convicções sãs e se opõe a imitação cega. O Islam manda, a cada pessoa que tiver a devida capacidade para se considerar autentica e honesta na sua maneira de pensar, utilizar as sus capacidades ao Maximo. Mas se pessoa não tiver esta capacidade ou não estiver segura de si própria, terá que prosseguir com o seu pensamento só ate onde os limites permitem. Tal pessoa terá que basear-se só nas fontes autênticas da religião, que por ela própria são suficientes, sem lhes aplicar nenhuma atitude critica da qual não é capaz. A verdade é que ninguém pode considerar-se um muçulmano perfeito se a sua Fé não se basear em convicções fortes e se a sua mente não se libertar de quaisquer dividas. Visto que o Islam é completo só quando se baseia em convicções firmas e na liberdade de opção, não podemos ser imposto a ninguém, porque Deus não aceitara uma Fé forçada, nem considerará um verdadeiro Islam se não se enriquecer de convicções sólidas e livres. É visto o Islam assegurar a liberdade de crença, muitos grupos não muçulmanos viveram e ainda vivem nos países muçulmanos beneficiando de plena liberdade de crença e consciência. Os muçulmanos adotam esta atitude porque o Islam proíbe o constrangimento na religião. Ela é a luz que deve irradiar de dentro, porque a liberdade de opção é o alicerce da responsabilidade. Isso não dispensa os pais da responsabilidade pelos filhos, nem desculpa a indiferença deles pelos seus dependentes. De fato, eles devem fazer os possíveis para ajudar as pessoas que deles dependem, a criarem uma fé forte e inspiradora.
Para a Fé assentar em alicerces sólidos, existem varias vias paralelas. Existe uma abordagem espiritual que se baseia principalmente no Alcorão e nas Tradições de Muhammad. Existe também a abordagem racional que leva finalmente à Fé no ser Supremo. Isso não quer dizer que a abordagem espiritual careça da racionalidade sólida, nem que a abordagem racional careça de espiritualidade inspiradora. Em realidade, ambas as abordagens completam-se reciprocamente e podem vir a inter-influenciar-se vivamente. Se uma pessoa tiver suficientes qualidades racionais sólidas, poderá recorrer à abordagem racional ou à abordagem espiritual, ou a ambas, e pode estar segura de que a conclusão será certa. Mas quem for incapaz de investigar profundamente ou estiver inseguro do seu poder de raciocínio, terá que se limitar à abordagem espiritual e contentar-se com os conhecimentos que poderá tirar das fontes autentica da religião. A verdade é que no fim se chegara à Fé em Deus, seja qual for a técnica utilizada a espiritual ou racional, ou ambas. Todas estas vias são igualmente importantes e aceites pelo Islam, e se foram bem orientadas. Levam ao mesmo fim que é a Fé no Ser Supremo. (Alcorão, 5:16:17; 12:109; 18:30; 56:80)
Artigo 15 - O verdadeiro muçulmano crê que o Alcorão é a palavra de Deus revelada a Muhammad através do Anjo Gabriel. O Alcorão foi revelado por Deus, peça por peça, por varias ocasiões em que foi preciso darem-se resposta a varias perguntas, resolverem-se certos problemas e acalmarem-se certas disputas, e também para ser melhor guia dos homens para a verdade de Deus e a felicidade eterna. Certa letra no Alcorão é a palavra de Deus, e cada um dos seus sons é o verdadeiro eco da voz de Deus. O Alcorão é a primeira e a mais autentica fonte do Islam. Foi revelado em árabe. Encontra-se ainda e ficará na sua versão original e completa em árabe, porque Deus preocupou-se em conservar o Alcorão, fazê-lo sempre o melhor guia para o homem, para o salvaguarda da corrupção (4:82; 15:9; 17:9; 41:44; 42:7; 52:53)
Para provar o fato de Deus ter preocupado com a sua conversão, o Alcorão é a única Escritura da historia da humanidade que se tem preservado na versão original e completa sem a menor mudança de estilo ou mesmo de pontuação. A história do registro do Alcorão, da compilação dos seus capítulos e da conservação do seu texto está presente, sem duvida alguma, não apenas na mente dos muçulmanos, mas também na dos estudiosos honestos e sérios. Esta é uma verdade histórica que nunca foi contestada por nenhum teólogo de qualquer religião, pois respeita os seus conhecimentos e a sua integridade.
Artigo 16 - O verdadeiro muçulmano crê numa nítida distinção entre o Alcorão e as Tradições de Muhammad. O Alcorão é a palavra de Deus, enquanto as Tradições de Muhammad são interpretação praticas do Alcorão. O papel de Muhammad foi transmitir o Alcorão, tal como o recebeu, interpretá-lo e praticá-lo cabalmente. As suas interpretações e praticas produziram o que se conhece como Tradições de Muhammad. Elas são consideradas como a segunda fonte do Islam e têm que se harmonizar perfeitamente com a Primeira Fonte que é o Alcorão. Caso haja alguma contradição ou falta de coerência entre alguma das Tradições e o Alcorão, o muçulmano adere só ao Alcorão e considera o resto discutível porque nenhuma Tradição autentica de Muhammad pode afastar-se do Alcorão ou Contradizê-lo.