A Religião e a Repressão Sexual

os psicólogos ocidentais acusam a religião de reprimir a energia vital do homem, tornando sua vida totalmente infeliz como resultado do senso de culpa que atormentam especialmente as pessoas religiosas e as fazem imaginar que todas as suas ações são pecaminosas; que só podem ser expiadas por intermédio de abstenção do desfrutamento dos prazeres da vida.

Esses psicólogos acrescentam que a Europa viveu nas trevas da ignorância enquanto se manteve fiel á sua religião. Mas, uma vez livre dos grilhões da religião, suas emoções foram libertadas e conseqüentemente, realizaram maravilhas no campo da produção.

Tais psicólogos freqüentemente dizem:

"Vocês querem que retornemos á religião? Querem prender as emoções que nós os progressistas, nos libertamos? Querem amargar a vida dos jovens, lembrando-lhes incessantemente o que é certo e o que é errado?"

Deixamos os europeus dizerem o que desejarem a respeito de sua religião. Se cremos nele ou não, faz pouca diferença agora, porque não estamos envolvidos com religião em geral; estamos discutindo o Islam.

Antes de discutirmos se o Islam reprime ou não a energia vital, devemos definir o significado da repressão que é mal entendido e mal aplicado por ambos "instruídos" e meio instruídos.

A repressão não é o resultado da abstenção do cumprimento do ato instintivo. É o resultado da crença de que o ato instintivo é sujo e a recusa de admitir por si que tal motivo pode vir á mente de alguém ou empenhar o pensamento de alguém. Neste sentido, a repressão se torna um sentimento inconsciente que não pode ser curado com a prática de um ato instintivo. Aquele que pratica o ato instintivo, mas crê que está cometendo um ato degradante e sujo é uma pessoa que sofre de repressão, apesar de cometer tal ato, resultará um conflito dentro de sua psique entre o que ele fez o que ele devia fazer. É nesse conflito cônscio e inconsciente que surgem os complexos e as desordens psicológicas.

Esta definição da repressão não foi inventada pelo escritor. É a definição dada por Freud, que passou a vida criticando a religião por reprimir as atividades das pessoas. Freud diz em seu livro, " Três Contribuições para a Teoria Sexual" que "deve haver uma distinção entre a repressão inconsciente e a abstenção da prática do ato instintivo, que é mera suspensão do ato".

Agora que entendemos que a repressão é sinônimo do sentimento de que o ato instintivo é sujo antes de ser uma suspensão temporária do mesmo, vamos continuar com a nossa discussão da repressão e do Islam.

Nenhuma religião é tão franca como o Islam em reconhecer os motivos naturais e tratá-los tão saudável e sinceramente. O Al-Qur´an diz:

"Aos homens foi abrilhantado o amor á concupiscência, relacionada ás mulheres, aos filhos, ao entesouramento do ouro e da prata, aos cavalos de raça, ao gado e ás sementeiras." {3ª: 14}

Neste versículo, o Al-Qur´an nomeia os desejos terrenos e os reconhece como verdadeiros, e afirma que são coisas desejáveis, mas não se opõe a eles como tais nem desaprova tais sentimentos.

É verdade que o Islam não permite que as pessoas devem abrigar a tais desejos ou sejam dominados ou escravizados por eles. Se alguém se tornar escravo de suas paixões, a vida caminhará na direção errada. O objetivo da humanidade é o desenvolvimento e o progresso; não conseguirá atingir tais objetivos enquanto estiver dominado por suas desenfreadas paixões que exaurem toda a energia e conduzem-no para baixo, para o animalismo.

O Islam não permite que as pessoas desçam ao nível de animalismo, mas há uma grande diferença entre isto e a repressão inconsciente que afirma que tais paixões são sujas em si e que levam as pessoas a se absterem de mesmo terem tais sentimentos em nome da purificação e da elevação.

Em seu tratamento à alma humana, o Islam reconhece, em princípio, todas as emoções naturais e não os reprime no inconsciente, mas permite o desempenho prático de tais atos instintivos a uma tal extensão que possa dar um grau razoável de prazer em causar qualquer dano ou injúria ao indivíduo ou à comunidade. Um indivíduo que está completamente absorvido em satisfazer suas paixões ocasiona uma enervação precoce de sua energia vital. Além disso, uma pessoa que está escravizada por suas desenfreadas paixões não será capaz de fazer nada. Todos os seus esforços e pensamentos serão devotados á satisfação de seus desejos.

Similarmente, a sociedade também sofre um grande retrocesso devido à exaustão da energia vital de seus membros em uma direção apenas em vez de ser usada para diversos propósitos, como originalmente planejado por seu Criador, à medida que isso conduz á negligência de tantos outros objetivos que não são dignos de realizar. Também conduzirá à destruição dos laços familiares e à desintegração social:

"Vós os credes unidos quando seus corações estão divididos".

Isso torna as coisas fáceis para os outros atacá-los e aniquilá-los, como o que aconteceu com a França.

Sujeito aos limites destinados a prevenir o indivíduo de infringir danos a si próprio, a outros indivíduos, à família ou à sociedade, o Islam lhe permite total desfrutamento dos prazeres da vida. De fato, o Islam convoca as pessoas francamente para desfrutarem dos prazeres da vida. O Al-Qur´an diz:

"Dizei-lhes: Quem pode proibir as galas de Deus e o desfrutar dos bons alimentos que Ele preparou para seus servos?" {7ª: 32}

E diz:

"Não te esqueça de seus deveres neste mundo". {28ª: 77}

E diz mais:

"Comei e bebei; porém, não vos excedais". {7ª: 160}

E diz ainda:

"Comei de todo o bem com que vos temos agraciada". {7ª: 31}

O islam reconhece o instinto sexual tão francamente, que o próprio Profeta disse:

"Dentre os prazeres do mundo, o perfume e as mulheres foram apreciados por mim; e o deleite de meus olhos é a oração". { Muslem}

O instinto sexual é elevado ao nível do mais gostoso dos perfumes da terra, e é brecado com oração que é o melhor meio através do qual o homem se aproxima de Deus.

O Profeta, uma vez disse:

"O homem é recompensado pelo ato sexual que ele pratica com sua esposa".

Quando alguns dos surpresos ouvintes perguntaram:

" O indivíduo é recompensado por satisfazer as suas paixões?"

O Profeta respondeu:

"Se o indivíduo satisfazê-los de uma forma ilícita, não estaria, acaso, cometendo pecado? Então, se satisfazê-los de uma forma lícita ele será recompensado." {Ibn Kassir}

Por isso, a repressão nunca se originou sob o domínio do Islam. Se os jovens sentem o impulso do instinto sexual, não há mal nisso, e eles não precisam considerar o instinto sexual como um sentimento sujo e repulsivo.

O que o Islam exige dos jovens a este respeito, é controlarem suas paixões sem reprimí-los, para controlá-las voluntária e concisamente, para adiarem sua satisfação até o período propício. De acordo com Freud, a suspensão do desempenho do ato sexual não é repressão. Ao contrário de repressão, a suspensão temporária do desempenho do instinto sexual não sobrecarregar os nervos nem gera complexos e distúrbios psicológicos.

Esse apelo para o controle das paixões não é uma ordem cuja intenção é despojar as pessoas dos prazeres da vida, uma vez que a história testemunha que nenhuma nação consegue garantir sua sobrevivência sem ser capaz de controlar suas paixões ou obster-se voluntariamente de alguns prazeres permitidos. Por outro lado, nenhuma nação consegue suportar os conflitos internacionais, a menos que seu povo fosse treinado a suportar as privações e fosse capaz de suspender a satisfação de seus desejos por horas, dias, anos dependendo da necessidade da hora.

Daí a sabedoria do Jejum no Islam. Alguns libertinos, quando falam sobre o Jejum, dizem:

"Que insensatez é esta que visa tortura o corpo com a fome e a sede, privando o homem da comida, da bebida, e do prazer que ele deseja ter. Que propósito tem? Apenas para cumprir ordens arbitrárias desprovidas de sabedoria ou fins razoáveis!"

Para tais libertinos podemos dizer:

"Que é o homem se ele não exerce seu poder de restrição? Como poderia ele auxiliar a humanidade se ele não pode se abster, mesmo por algumas horas, de satisfazer seus desejos? Como podemos ter paciência de combater o mal na terra e privarmos a nós mesmos em conseqüência de tantos prazeres?"

É freqüentemente dito que a religião amarga a vida daqueles que seguem suas regras e deixam o fantasma do pecado persegui-los. mas isto não se aplica ao Islam que menciona muito mais perdões de que fala sobre qualquer castigo.

O pecado, de acordo com o Islam, nem é espírito maléfico sempre a caça de pessoas, nem é uma treva infindável que sombreia suas vidas. O grande pecado original de Adão não é uma espada desembainhada no rosto da humanidade, nem sequer qualquer purificação adicional ou redenção:

"Adão aprendeu de seu Senhor algumas palavras e Ele o perdoou". {2ª: 37}

O arrependimento de Adão foi aceito simplesmente e sem qualquer formalidade.

A exemplo de seu pai, os filhos de Adão não são excluídos das mercês de Deus quando cometem pecado. Deus conhece os limites de sua natureza e Ele não os sobrecarrega com o que eles não conseguem suportar. "Deus não impõe a nenhuma alma uma carga superior às suas forças". {2ª: 286}. O Profeta disse:

"Todos os filhos de Adão são pecadores, e os melhores dentre os pecadores são aqueles que se arrependem". {Tirmizi}

Os versículos do Al-Qur´an que descrevem as mercês de Deus, o perdão e o arrependimento são muito numerosos, mas contentamos-nos em citar os seguintes versículos:

"Emulai-vos em obter a indulgência do vosso Senhor e um Paraíso, cuja amplitude é igual à dos céus e da terra, preparado para os tementes,

Que fazem caridade, tanto na prosperidade, como na adversidade; que reprimem a cólera; que indultam o próximo. Sabei que Deus aprecia os benfeitores.

Que, quando cometem uma obscenidade ou se condenam, mencionam a Deus e imploram o perdão por seus pecados – mas quem, senão Deus perdoa os pecados? – e não reincidem, com conhecimento, no que cometeram.

Para estes a recompensa será uma indulgência do seu Senhor, terão jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Quão excelente é a recompensa dos diligentes!" {3ª: 133-136}

Quão vastas e quão longo é o alcance das mercês de Deus! Ele não aceita apenas o arrependimento das almas, mas também os absolve de seus pecados e lhes garante Sua aceitação e benevolência e mesmo os eleva ao nível dos virtuosos.

Depois de tais mercês, haveria, ainda, a mais leve dúvida quanto ao perdão de Deus? Como a tortura e o pecado podem caçar as almas das pessoas quando Deus os aceita e lhes dá as boas vindas se eles emitirem uma só palavra: arrependimento?

Não há necessidade de citarmos mais textos em apoio a nosso argumento. Mas citaremos o dito do Profeta:

"Por aquele em cujas mãos está a minha alma, se não cometerdes pecados, Deus vos substituirá com outros povos que cometem pecado, pedem perdão de Deus, que lhes será garantido." {Muslem}

É, então, da vontade de Deus que Ele perdoe os pecados do povo. Em conclusão, citamos este maravilhoso versículo do Al-Qur´an:

"Que interesse terá Deus em castigar-vos se sois agradecidos e crentes? Ele é Retribuidor, Sapientíssimo". {4ª: 147}

Sim, que interesse terá Deus em torturar as pessoas quando Ele ama garantir-lhes Suas mercês e perdão?

 

Fonte: Islam a Religião Mal Compreendida ( Mohammad Qutub)

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