Khadija Bint Khuwayli

"Não, por Deus, juro que Allah jamais me concedeu nada melhor do que ela. Ela foi a esposa que acreditou em mim quando ninguém acreditava. Ela confirmou minha honestidade quando todos me acusavam de mentiroso. Ela me sustentou quando todos me despojaram. Através dela, Allah me concedeu os filhos que nenhuma outra mulher me deu..."

O Islam, hoje, é uma grande força no mundo. Mas, houve um tempo em que, quando ele ainda engatinhava,  precisou de proteção contra os ventos da idolatria e do politeísmo.    Os muçulmanos não podem se esquecer de uma figura importante na construção dos alicerces do Islam: Khadija bint Khuwaili.

Khadija foi testemunha ocular do nascimento do Islam.  Foi em sua casa que o Islam foi sendo esculpido e moldado. Foi a partir de sua casa que o Islam "alçou vôo". Sua casa foi  o lar do Alcorão, o Livro de Deus e código religioso e político do Islam. Durante 10 anos as mensagens foram sendo trazidas pelo anjo Gabriel e Khadija foi quem mais colecionou essas primeiras revelações vindas de Deus. Ela foi a primeira esposa do último dos profetas de Deus. Ela foi a primeira crente. Foi ela o primeiro ser humano a declarar que o Criador era Um e que Mohammad era Seu profeta. Ela foi a companheira constante de Mohammad. Até a sua morte, Mohammad dedicou exclusivamente a Khadija todo o seu amor, afeto e amizade. Ela foi a primeira pessoa a oferecer preces a Deus juntamente com seu marido.

'Afif Al-Kanadi relatou: "Cheguei a Macca durante os dias de ignorância e queria vender algumas roupas e perfumes em nome de minha família. Fui até Al-Abbas b. 'Abdul-Mutalib." Ele conta: "Enquanto estava em sua casa, olhei para a Caaba. O sol saiu quando um homem chegou, até aproximar da Caaba. Então ele levantou sua cabeça para o céu e olhou para a Caaba. Então, um jovem chegou e ficou à sua direita. Não levou muito tempo e uma mulher chegou e ficou atrás deles. Então o homem se curvou e o jovem e a mulher se curvaram. Então o homem levantou sua cabeça e o jovem e a mulher fizeram o mesmo. Então o homem se prostrou e o jovem e a mulher se prostraram também."

Ele continuou: "Então, eu disse: 'Ó Abbas! Na verdade, vejo um grande homem.' E Abbas disse: 'Sabe quem é aquele homem?' Eu respondi: 'Não, não sei.' Ele disse: 'É Mohammad b.'Abdullah b.'Abdul-Mutalib, meu sobrinho. Sabe quem é aquela mulher?' Eu disse: 'Não sei.' Ele disse: 'Aquela é Khadija bint Khuwaylid, a esposa do meu sobrinho. Este meu sobrinho que você vê nos contou que seu Senhor é o Senhor dos céus e da terra e que Ele lhe ordenou esta religião que ele está seguindo. Juro por Allah que não conheço ninguém mais sobre a face da terra que esteja seguindo esta religião além daqueles três.' E Afif disse: 'Gostaria de ser o quarto.' "

Quando Mohammad proclamou sua missão como o mensageiro de Deus e disse aos árabes para não adorarem ídolos e os convocou para se unirem em torno da bandeira do Tauheed, uma onda de infortúnios se abateu sobre ele. Os politeístas quiseram beber seu sangue. Inventaram novas e engenhosas formas de atormentá-lo e fizeram inúmeras tentativas para sufocar sua voz para sempre. Naqueles tempos de tristeza e tensão, Khadija nunca lhe faltou. Foi somente por causa dela e de Abu Talib que os politeístas não conseguiram destruir o trabalho de pregação e divulgação do Islam. Desta forma, é dela a mais importante contribuição para a sobrevivência do Islam.

Khadija criou os padrões básicos que traduzem a paz, harmonia, felicidade e satisfação domésticas e os aplicou em sua própria vida. Ela demonstrou que a chave para a felicidade familiar é a proximidade entre seus membros. Ela mostrou os direitos e deveres de maridos e esposas. O modelo criado por ela tornou-se um "esquema" de vida familiar para o Islam.

Mohammad e Khadija ficaram juntos por 25 anos e durante esses anos formularam as "leis" que tornam um casamento bem sucedido e a vida mais feliz. Desde então, mesmo que em termos temporais, o resto do mundo jamais foi capaz de encontrar regras de convivência melhores. Khadija transformou em realidade as abstrações do idealismo. Sua vida com Mohammad é uma prova concreta deste fato.  O que ela deu ao mundo não foi apenas um conjunto de princípios ou idéias teóricas, mas toda uma experiência, rica em momentos de puro encantamento com o Islam e de um amor penetrante por Deus e Seu Mensageiro.

Os árabes pagãos tinham um sentido de honra distorcido. Era esse "sentimento de honra" que os levava a matar suas filhas. O Islam, é claro, pôs um fim a essa prática bárbara, transformando-a em pecado contra Deus e em crime contra a humanidade. Além de acabar com o infanticídio feminino, o Islam também concedeu dignidade, honra e direitos a todas as mulheres, garantindo esses direitos. Deus quis demonstrar que as leis do Islam eram todas praticáveis. Para demonstrar a praticabilidade dessas leis e mostrar esse "Projeto de Vida" islâmico, Ele escolheu a casa de seus servos Mohammad e Khadija. Sem Khadija, as leis do Islam teriam permanecido sem sentido. Na verdade, é até possível que Mohammad não pudesse promulgar aquelas leis sem ela. Uma das grandes bênçãos que Mohammad e Khadija receberam de Deus foi sua filha, Fatima Zahra. Ela nasceu após a morte de seus irmãos, Qasim e Abdullah. Ela tinha apenas 11 anos quando sua mãe morreu e Mohammad se transformou em pai e mãe para ela. Foi educando sua filha que o Mensageiro de Deus demonstrou a aplicabilidade das leis do Islam. Uma vez que ele é o modelo para todos os muçulmanos, eles devem imitá-lo em todos os seus atos. Ele dedicou um amor extremado e mostrou o maior respeito por sua filha.

Tanto em Macca como em Medina, muitas pessoas importantes, líderes de tribos poderosas, vinham ver o Mennsageiro de Deus. Ele jamais se levantava do chão para cumprimentá-los. Mas se ele sabia que sua filha Fatima estava chegando para vê-lo, ele corria para cumprimentá-la, acompanhava-a e lhe dava o lugar de honra para se sentar. Jamais ele mostrou tanta estima e respeito por qualquer um em toda a sua vida - homem   ou mulher.

É inegável que o Islam significa a prática da casa de Khadija e sem dúvida o Alcorão foi o "dialeto" de sua família. Sua filha Fatima, e seus netos Hasan e Husain, cresceram falando o Alcorão. Não existem palavras adequadas que possam expressar os méritos de Khadija. Mas Deus prometeu Sua recompensa aos Seus servos amados, como Khadija, nos seguintes versículos de Seu livro:

"Por outra, os fiéis, que praticam o bem, são as melhores criaturas, cuja recompensa está em seu Senhor: Jardins do Éden, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Deus se comprazerá com eles e eles se comprazerão n'Ele. Isto acontecerá com quem teme o seu Senhor." (Alcorão 98:7-8)

O Mensageiro de Deus  honrava e   estimava Khadija. Jamais discordou dela antes de receber a revelação. Mesmo após a sua morte, ele sempre se lembrar dela e não se cansava de exaltá-la. Certa vez, Aisha enciumada, disse ao Profeta: "Na verdade, Deus não lhe deu nada melhor do que uma velha." O Profeta se irritou e disse: "Não, por Deus, juro que Allah jamais me concedeu nada melhor do que ela. Ela foi a esposa que acreditou em mim quando ninguém acreditava. Ela confirmou minha honestidade quando todos me acusavam de mentiroso. Ela me sustentou quando todos me despojaram. Através dela, Allah me concedeu os filhos que nenhuma outra mulher me deu." O Profeta estava tão irritado que sua testa tremia e então eu disse para mim mesma: "O Deus, se a raiva do Profeta se aplacar nunca mais repetirei o que disse."

E Aisha também disse: "Nunca tive ciúmes das outras esposas do Profeta como tive de Khadija. Eu não a conheci mas o Profeta costumava se lembrar sempre dela. Quando ele sacrificava um carneiro, era comum ele cortar algumas partes e mandar para os amigos de Khadija. Algumas vezes eu dizia a ele: 'É como se não houvesse outra mulher no mundo além de Khadija.' E ele respondia: 'Como posso esquecê-la? Ela me deu os filhos mais amados.' "

Aisha também disse: "O Mensageiro de Deus quase sempre antes de deixar a casa citava Khadija e a louvava."

Khadija, a Mãe dos Crentes, morreu ajudando o Mensageiro de Deus a transmitir o chamado do Islam. Tinha, então, 65 anos e sua morte se deu três anos antes da migração para Medina. O próprio Profeta a enterrou com suas mãos. Sua morte representou uma grande perda para ele.

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